A queima do fusing
A queima ou técnica de cozimento
do vidro
O vidro possui características
físicas bastante complexas. Não quero com isso criar um teorema ou complicar a
cabeça, simplesmente é interessante saber algo sobre o comportamento do vidro
para dominar os resultados obtidos em cada queima. Nesta postagem vamos falar
sobre o ciclo de cozedura e o comportamento do vidro.
Como já disse anteriormente a
fusão do vidro ou fusing glass consiste em fundir chapas de vidro em alta
temperatura usando esmaltes ou não. A maior ciência certamente, não está nos
livros, mas na experiência. Aprender a manejar a temperatura, conhecer o
comportamento do vidro permite-nos desenvolver a técnica. Isso irá depender do vidro que vc usa, o
tamanho e espessura, do tamanho do seu forno, tipo do forno e resultado
esperado.
Basicamente vamos colocar aqui um ESQUEMA. Ele será um guia, um começo para formamos nosso caderno de experiencias pessoais.
Sempre a queima segue fases. Não
tem como desconhecer isso. Essas fases são marcadas por um comportamento do
vidro. Ele amolece, derrete, flui e depois endurece e tudo isso pode ser
observado em uma temperatura aproximada. Assim definimos essas fases e
determinamos um tempo para atingir determinada temperatura.
As Fases:
Fase 1: aquecimento inicial
É o inicio da
cozedura, desde a temperatura ambiente até um pouco acima do ponto de tensão , o que significa por
volta de 540 0C. Este aquecimento deve seguir lento aproximadamente
2200C por hora, que para chegar a 5400 C você deve levar
no mínimo 2 horas. Isso deve ser feito para evitar o choque térmico provocado
por um aumento brusco na temperatura. Aqui o vidro ainda é solido, mas pouco a
pouco se torna fluido superando o ponto de tensão.
Ponto de
tensão: até essa temperatura 4500C(mais ou menos) o vidro não tem
tensões. É um sólido rígido.
Fase 2:
aquecimento rápido
Essa fase se
desenvolve rapidamente, com velocidade maior possível, dependendo do forno, até
atingir a temperatura de trabalho.(varia
de acordo com o resultado esperado). Mais ou menos no meio dessa fase vc pode
estabilizar brevemente a temperatura, evitando a desvitrificação. Aqui existe o
ponto de abrandamento onde o vidro
se deforma com seu peso de forma visível e adere a outras superfícies.
Fase 3: temperatura
de trabalho
Aqui fazemos o
que chamamos de patamar ou estabilização. Mantém-se a temperatura constante por
um determinado tempo até atingirmos o resultado esperado.
A temperatura
de trabalho varia de acordo com a técnica por exemplo
- entre 7300C
e 7600C : vitrofusão parcial.
As duas chapas de vidro se aderem e arredondam as bordas
- entre 7600C
e 8200C : vitrofusão total,
termoformado,queda livre. União completa das duas chapas, vidro adquire a
forma do molde.
- entre 8200C
e 8700C : vitrofusão total,
inclusões, vidro vertido, pasta de vidro. A temperatura máxima faz com que
o vidro penetre em pequenos detalhes do molde. A superfície do vidro torna-se
lisa e líquida, bolhas de ar presas no interior das chapas podem vir a
superfície. Aqui se não estiver dentro do molde pode escorrer suas bordas.
- entre 8700C
e 9300C : vidro vertido.
Aumenta a fluidez do vidro.
- superior a
9300C: derrame a partir
de molde de cera perdida.
Fase 4: esfriamento rápido
Esse esfriamento deve ser o mais
rápido possível. Abrimos o forno para atingir a temperatura de temperado (entre 4500 C e 5400) onde o vidro se estabiliza. Quando se
fala de aquecer e esfriar o mais rápido possível, é certamente para evitar
problemas da desvitrificação.
Fase 5: patamar de temperatura de
temperado
Na temperatura de temperado ou recozimento as
tensões internas do vidro são eliminadas mediante a estabilização do material.
Fase 6: esfriamento lento
Esfriamento controlado até
atingir o ponto de tensão
Fase 7: esfriamento final
Desligamos o forno mas se evita o
choque térmico. Não é possível abrir o forno antes que a temperatura interna
seja igual a temperatura ambiente. As peças devem estar frias. Mais ou menos 24 horas.
Como disse no inicio, manejar o
forno é o grande segredo. Se vc consultar diferentes autores, eles ensinam,
cada um, um ESQUEMA diferente. Por que? Porque existem muitas variantes para
fazer uma queima. Isso nos faz instigados a experimentar e aprender com nosso
trabalho.
Como um esquema básico a gente
pode se guiar por esse e ir com cada experiência, anotando nossos erros e
acertos.
Para começar suas queimas, vc
deve manter por escrito registro de todos os trabalhos. Escreva seus
cronogramas, registre o molde e desmoldante . Também anote alguma coisa que
pudesse te ajudara descobrir o que pode desencadear o problema. Daí a peça
queimada torna-se altamente espetacular, vc vai saber o que vc faz que tanto possa
repetir. Se vc abre o forno durante o processo anote quando e quanto tempo,
marque ambos a temperatura do forno quando vc abriu e quanto tempo vc o manteve
aberto. No fim da queima, se houve tal problema como bolhas, desvitrificação,
ou embaçado .
Espero ter dado uma noção.
A gente continua detalhando isso.
Até...
Tatiana
gostei,muito bom.
ResponderExcluirGrata Álvaro.
ExcluirGlória Maria, 16/07/2016
ResponderExcluirFoi ótimo, aprendi muito!
Obrigada. Seja bem vinda!
ExcluirBUENAS. EU PRECISO DE VITROS COLORIDOS PARA UM VITRAL ANTIGO. NAO ESTOU ENCONTRANDO PARA REPOR, PENSEI PINTAR IOS VIDROS E QUEIMAR. MAS NAO PODE DEFORMAR O VITRO. TEM COMO QUEIMAR SEM DEFORMAR?
ResponderExcluirExistem vários fabricantes de vidros coloridos. Com texturas interessantíssimas. Todos são fabricados artesanalmente e importados. O custo no Brasil é alto. Mas se vc quiser experimentar, pode fazer seu vidro colorido no forno. Depende da queima. A qualidade vai ser dada pela capacidade de vc controlar a temperatura do forno. As bordas sempre arredondam e a superfície levemente sofre uma ondulação. Um vidro fundido artesanalmente não tem a aparência de vidro fabricados na indústria, entende? Espero ter esclarecido.
ExcluirOLA gostei muito.eu gostaria de montar meu(FORNO)Para iniciar quero aprender MAIS na montagem e nas tecnicas o que tu podes fazer para me ajudar; Meu Email;mesquitawalim@gmail.com
ResponderExcluirSobre a construção do forno o que posso dizer que é muito simples. Mas requer um sistema que possa controlar a temperatura e o tempo para atingir certa temperatura. Não sei sua necessidade. Mas, como iniciante aconselho um forno relativamente pequeno, 40 x 40 cm (interno) cujo consumo de energia é baixo, cabe em qualquer espaço, e vc pode se divertir muito. Com ele vc vai fazer umas coisas. Existe um fabricante no Brasil, que monta excelentes fornos. Sobre as técnicas vamos conversando e aprendendo juntos aqui no blog.
ExcluirQual o fabricante destes fornos ? Poderia me enviar um e-mail com tal contato,por favor ? Agradeço desde já.
ExcluirOlá. Posso enviar contato. Me mande seu e-mail em tatilinka@hotmail.com e responderei suas dúvidas
ExcluirObrigado. Estou montando meu primeiro forno artesanal para fusing glass e toda informação que puder adquirir é importante.pretendo iniciar de maneira simples trabalhando com curvatura de garrafas e vidros de janelas. depois,conforme seja eu passo pra algo mais artístico,visto que gosto muito de cores quentes,e nos materiais reciclados é raro encontrar cores quentes. se você tiver informaçoes sobre como colorir vidro de janela se puder compartilhar conosco estas informações serão bem vindas.
ResponderExcluirSe vc já tem um forno pode iniciar sim com garrafas. É bastante simples. Sobre colorir vidro de janela vc vai precisar de esmaltes para fusing. Existem várias cores e técnicas de aplicação. Nada complicado. Toda ciência está em vc dominar a queima. Controlar a temperatura. Tem que fazer queimas pra conhecer como seu forno funciona. Entende?
Excluirvocê poderia me indicar uma marca de esmaltes para fusing que não seja importada, de boa qualidade e preço acessível?
ResponderExcluirUso esmaltes nacionais. Compro em loja de material cerâmico. O preço é bem acessível. Mas se vc for usar grandes quantidades vale a pena produzir no atelier o próprio esmalte.
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